Era um dia como tantos outros... era mais uma sexta-feira... estava no gabinete, sozinha - como já vem sendo hábito - quando um carteiro espreitou para dentro do gabinete. Viu-me, fez uma expressão de satisfação e pediu licença para entrar. Entrou, confirmou o meu nome e estendeu-me uma encomenda. Eu, enquanto assinava o comprovativo de recepção com uma cara estupefacta, ainda tentei argumentar inocentemente "Provavelmente deve ser para dar entrada lá em baixo, no serviço do expediente geral." O carteiro respondeu "Isso já não sei, apenas sei que vem endereçado a si!" guardou o comprovativo e saiu ligeiro. Fiquei a olhar para a encomenda com ar embasbacado, tentei ler o remetente e apenas vi o autocolante de uma empresa - sem sequer conseguir juntar as letras. Comecei a sentir um nervoso miudinho, olhava para as letras e o meu cérebro não conseguia assimilar o seu significado... Até que, às tantas, reconheci a marca associada a mensagens com a forma de pequenos chocolates (já há uns anos tinha feito uma surpresa à M. utilizando essas mensagens). Respirei fundo e comei a abrir a encomenda... lá dentro vinha uma uma caixa de madeira e uma folha dobrada ao meio. Retirei a folha e li o seu conteúdo: apenas o nome do remetente e do destinatário, nada mais. Nessa altura, tenho de confessar, o coração já bastante estava acelerado... fiquei sem saber o que fazer! Não estava nada à espera disto, não estava a prever uma coisa destas! Fiquei com algum medo - tolice! eu sei! - mas fiquei mesmo com algum medo de qual pudesse ser o conteúdo da mensagem e não abri a caixa! Em vez disso levantei-me! Dei uma volta ao gabinete, na esperança de que essa atitude me pudesse aclarar as ideias. A única coisa que consegui foi tomar a decisão de ligar para Aquela que, nas horas de maior aflição me dá o seu apoio e consolo. Peguei no telemóvel e liguei! - Bolas! Não atendeu! O mais provável é que esteja nas aulas - Guardei a caixa e a folha dentro do envelope da encomenda, coloquei-o em cima da caixa do pc (escondido debaixo da secretária) e tentei fingir que não se tinha passado nada. "Tentei" eu bem tentei, mas o meu cérebro não aceitou a minha decisão... Fiquei a pensar no remetente... O que é que isto quereria dizer? Na semana anterior tinha-me feito uma surpresa tão simpática e inocente (achei eu!) Entretanto, o telemóvel tocou, era ela, a M.. Contei-lhe a cena toda e muito calma - como sempre o faz em situações em que eu, pelo contrário, começo a ficar exageradamente ansiosa - perguntou-me o que dizia a mensagem. Eu respondi-lhe "Não sei! não abri a caixa!" - "Então abre! Estás à espera de quê?" Abri, era um convite! Nada do outro mundo para a maioria dos mortais, mas para mim isso queria dizer algo - algo que de que normalmente fugia... E agora?!
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